Logo após uma audiência, ouvi esta indagação de uma escrevente para uma promotora:
Por que em nossa vida cotidiana, dizemos que temos poucos amigos e
chega-se a contar nos dedos das mãos e sobram dedos?
Não ouvi os comentários pois estava atrasado. Era o dia do rodízio
do meu carro.
Lembrei-me, então, das aulas do querido professor Gabriel Chalita,
nos tempos de Mestrado na UNIFIEO, e fui buscar em Aristóteles a resposta que
atormentava tal criatura.
“Depende de nós, praticarmos atos nobres ou vis; e se é isso que
se entende por ser bom ou mal, então depende de nós, sermos virtuosos ou
viciosos”. (Aristóteles)
Em seu livro “Ética a Nicômaco”, Aristóteles estabelece um tratado
das virtudes humanas.
A ética em Aristóteles possui uma finalidade: O acesso à
felicidade, ou seja, nossas atitudes devem sempre, buscar a felicidade através
de ações virtuosas. E uma dessas virtudes é a amizade, como necessária no
compartilhamento da felicidade.
A amizade é, pois, uma virtude extremamente necessária à vida,
mesmo que possuamos diversos bens, riqueza, saúde, poder, ainda assim, não será
suficiente para nossa realização plena, pois não falta a essencial e indispensável
AMIZADE.
Na ética Aristotélica, quanto mais poder possuir o homem, mais
necessidade ele terá de ter amigos. De acordo com a faixa etária de cada
indivíduo a amizade terá uma função específica. Para os jovens, ela ajuda a
evitar o erro; para os mais velhos serve de amparo para suas necessidades, pois
duas pessoas juntas são mais capazes de pensar e agir.
Disse Aristóteles: “A
amizade não é apenas necessária, mas também nobre, pois louvamos os homens que
amam os seus amigos e considera-se que uma das coisas mais nobres é ter muitos
amigos. Ademais, pensamos que a bondade e a amizade encontram-se na mesma
pessoa”.
Existem vários tipos de amizades. Uma delas, é das pessoas que
buscam seus próprios interesses para terem alguém que lhes proporcione prazer
ou alguma forma de utilidade, ou seja, utilizam a amizade como meio e não como um
fim. O verdadeiro amigo quer as coisas para as pessoas a quem ele ama; o
interesseiro quer para ele próprio.
Hoje vemos nas redes sociais, como facebook, pessoas que tem
1.500, 2.800, 3.000 amigos. Só eu, tenho mais de 500 amigos no facebook. E qual
o “porque” desse fenômeno?
Simplesmente porque a AMIZADE é necessária, envolve a intimidade,
a reciprocidade de interesses e ainda, a maravilha de dizer: “MEU AMIGO!”..
(Esse texto foi escrito por “U.M.S.A.S” –
Amigo que deixou sua marca impressa. Um dia ele me autorizou a usar seu texto e
por isso, eu o posto hoje, para dividir com todos, assim como dividimos o “aprendizado”,
os riscos de bordado, as receitas culinárias, os bons feitos. É como se fosse
um exemplo para todos nós – do significado real do AMIGO, da AMIZADE.).